A letter from June 19th, 2017

Dear FutureMe, quando alguém vai embora da sua vida por amor quando você, por amar também, permite que ela vá e os semáforos se apagam os dias ficam cinzas os textos perdem qualquer razão que algum dia tiveram a vida vai esmaecendo, perdendo qualquer vitalidade eu sei, eu sei. não é que de repente a vida perdeu a graça só porque ele foi embora é só que você se descobriu apta e honesta ao abrir mão você descobriu que era forte para abrir a mão e deixar escapulir aquela pessoa que te dava um calor no peito uma alegria constante de tentar qualquer coisa, qualquer coisa que a fizesse continuar não que ela era o motivo de você seguir, mas ela te lembrava que você era boa demais para não tentar e você tentava todos os dias por si mesma, e por ela também quando você a deixou ir, naquele final de semana ensolarado, os dias seguintes foram secos e vazios não tinham gosto de nada existia um buraco na sua frente e você precisava ir à faculdade ao trabalho e a tudo que nos puxa quando estamos inconsoláveis. você a deixou ir e tudo pareceu doloroso não pela ida, ruptura e fim não, não só por isso mas porque você descobriu sua capacidade quase cristã em deixar ir em liberar em libertar porque entre tanta gente que prende, você olhou para si mesma e viu que era imensa demais para tentar enjaular um sentimento, uma relação você, abrindo mão dele você, assimilando a ideia de estar, agora, sozinha e daqui para frente, quem sabe por dias semanas ou meses você vai se sentir inanimada triste e até infeliz só que, sincera na sua perda, se lembrará que não existe sentimento que resista à ideia de ir embora você vai se lembrar de que é um ser humano melhor, pois talvez o amor nem sempre seja sobre permanecer. mas não só isso: que o amor também é silencioso em sua coragem de permitir que o outro vá sem cobrar ou resistir os dias melhorarão, em algum momento. libertar pessoas, coisas e sentimentos é a forma mais humana e honesta de viver a vida. e que bom que você está vivendo a sua.