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Dear FutureMe,
Hoje declaro que desisti de viver minha vida.
Não, não vou tirar minha vida, devido às minhas crenças e minha família, não farei isso. Nem tenho vontade.
Digo viver no sentido de acreditar. Afinal, viver para mim é isso: fazer planos, ter expectativas, imaginar um futuro feliz e sorrir para os dias com o coração transbordando esperança. Porém esse último mês foi a gota que faltava para me fazer transbordar. Hoje transbordo em meio a um turbilhão de incertezas, tristezas, arrependimentos e solidão.
Nos meus 28 anos vividos, sempre busquei rir para os problemas, pensar positivamente, cultivar relações, cuidar dos meus e me cuidar. Porém, todos os caminhos que escolhi me fizeram chegar num lugar que nunca quis estar: num emprego adoecedor, com amizades rasas, sem vínculos emocionais românticos e morrendo... em qualquer mínimo momento que tento ousar acreditar, a vida me dá uma rasteira.
Não sou atriz principal nem da minha própria vida. E olha que eu odeio estar admitindo isso, sempre busquei ser dona do meu futuro e esse papel de coitadismo é distoante da minha personalidade, mas ao mesmo tempo, sei reconhecer batalhas perdidas.
Infelizmente eu preciso admitir que perdi a luta mais importante da minha vida e pior ainda é ter que aceitar isso.
Viver sem brilho nos olhos, sem acreditar que o amanhã é bonito, sem saber que ao final da semana eu terei um abraço de conforto e alguém para me acompanhar nos finais de tarde alaranjados é desolador. Meu coração se parte agora.
De certa forma, eu tirarei minha própria vida sim.
Mas saiba que não foi falta de tentativas, esforços e fé. O cansaço e a desilusão me trouxeram até aqui.
Se você estiver lendo isso, não se culpe, algumas vezes só não é sobre nós e para nós. É só a vida acontecendo.
natirocha.art:
about 15 hours ago