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Dear FutureMe,
Hoje senti que precisava me escrever. Não por um motivo de euforia, na verdade, justamente o contrário. Por um motivo de dúvida e recolhimento. Tenho pensando que sou também um ser sensível, que sente essa energia da minha casa, a transformação do Jaya, sua sobrecarga com o filme e tudo o mais que tem acontecido por aqui.
Pela segunda vez fazemos uma viagem e eu retorno retraída, em dúvida e com medo. Estava com o intestino preso desde que voltamos do Alagoas, mas nestes dias do casamento, em especial depois de receber eu mesma o amor e o carinho das pessoas da família, o intestino soltou.
Ele me conta quando estou receosa e desejosa de prender tudo. De não deixar que nada escape. As vezes eu caio nesse buraco de me achar incapaz, inadequada e sozinha. Me sinto pequena e tenho medo da vida.
Justo eu que já lutei tanto. Justo eu que já mudei tanto. Justo eu que superei tantos desafios de saúde. Fico duvidando da minha própria força e do meu poder de transformação.
Escrever é sempre um caminho de volta. É um momento de poder usar reflexão e de me lembrar das minhas escolhas. De colocar os pés no chão e, ao invés de chorar por coisas que só existem na minha cabeça, me reorganizar e me colocar de volta no caminho único que existe que é o de agir agora.
Tenho pensado sobre a pós. Ainda não sei se farei ou não. Um lado quer. O outro tem medo do lado que quer. Tem dúvidas se a escolha é pelo coração, ou pelo medo mesmo. Não sei responder a grande pergunta de como me vejo em 10 anos, ou em 20. Espero que viva e com saúde. Além disso, só deus poderá saber.
Tenho vontade de mandar essa carta para esse futuro distante. É sempre no passar do tempo que as coisas se apresentam, se forma, se transformam. Mas acho que preciso mais do meu próprio empenho e autoestima.
Quanta coisa já vivi. A morte dos meus avós. A morte da minha mãe. Uma vida inteira que não existe mais. E uma outra vida inteira que se formou, que se reorganizou, que ganhou outras cores e contornos.
Ando me comparando demais. Ando olhando tudo o que lustra. E nada do que é penoso na escolha do outro. Não existe vida perfeita. E vira e mexe eu esqueço disso. Fico pensando nos caminhos que não segui. Fico pensando em tudo o que poderia ter sido e não foi. Quanta energia gasta à toa. Estava precisando mesmo me reorganizar.
Até breve, futuro.
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