A letter from May 07, 2025

Olá meu bem. Não faz muito tempo, mas sei que você deve estar muito diferente de mim, não sei explicar direito as ondas que cortam o coração, mas sei que sâo mais amenas. Tenho em mim uma paz e uma destruição, sempre tive, sempre estive confusa, curiosa e com medo, mas continuo, apenas por continuar. Não existe pergunta primordial, um motivo. Isso é estar ciente? Estou certa, de que tudo ocorreu perfeitamente, me alegro, sinto alívio de estar onde estou. Não sou esperançosa, mas desbravadora, sem ir além da beira, estou em um conforto e um desconforto, mas a calma ainda toca minha cabeça, porque não viver? Mesmo que os dias sejam assim doloridos, e que lembranças me façam achar que já basta, eu posso amar minha vida, posso sentir paixão por tudo isso que vivo, mesmo que possa parecer triste, estou coberto com algo além do deslumbramento, outra vez resignada, porque não importa os traumas, importa como lido com eles. Estou feliz por ter tido pessoas que me ajudaram, aquela comunidade de perguntas, Richard, minha mãe, os livros, os podcasts, filmes. E sendo mais ousada; os cortes no braço também me fizeram confrontar a realidade. Tudo isso me trouxe algum tipo de alívio e também incomodo, porque me fizeram bater de frente com os fatos. Me sinto tão humana, me sinto real, imperfeita, falha, mesmo assim tão corajosa. Sinto orgulho de mim, estou feliz por ter acabado aquele relacionamento, é como se um peso saísse do meu peito, e posso enfim respirar. Além de ter tido relacionamentos abusivos na família tive de forma "amorosa". Mas já não me culpo, aquela pessoa realmente foi muito desrespeitosa, e eu tentei falar, conversar, explicar e tudo se repetia, então finalmente ela percebeu, e agora eu já ia caminhando para porta, porque a minha confiança foi totalmente esgotada, e não dá pra se relacionar com alguém que você tem medo.