Uma carta de 26 de dezembro de 2024

o sentimento de frustração, medo, insegurança e tudo aquilo que não consigo colocar em palavras. não me colocarei como vítima. mas estou num limbo esquisito de seguir minhas vontades momentâneas e olhar para os objetivos futuros. não consigo ser completa em nenhum dos dois. fico cambaleando, sem ter coragem de assumir qualquer postura definitiva. mas não somos tão jovens assim pra ser tão inconsequentes. vejo de longe as versões que eu gostaria de ser, mas não corro em direção a nenhuma delas. nada. me sinto completamente solitária, como se tivessem me traído, sem aviso prévio. ei, você disse que ia continuar. como você teve coragem de me deixar aqui? você sabe que eu tenho medo de ir sozinha. e se eu me perder? e se ficar difícil demais? você sabe que eu não teria coragem de me expor. te critiquei por fazer o que eu nunca conseguiria. isso me dá medo. projetei em você toda minha dor e esperei que doesse em você a dor da solidão que dói em mim. agora, só. o que faço? quem garante que consigo? nunca fui a melhor em nada, que direito tenho de ser a melhor nisso? era pra ser nós dois, juntos. agora, tenho que ser sozinha. por nós dois. mas não sei se consigo. me sinto cada vez mais fraca. nem sei se quero lutar pra ser forte. antes, era saber se eu conseguiria. agora, é saber se quero. mas não sou corajosa. fico no limbo. permaneço no limbo. esperando salvação. esperando salvação. esperando salvação. mas e se meu salvador se cansar de mim? e se não houver salvação para mim? e se meu destino for isso mesmo? completamente sem esperança, me despeço desse ano, esperando (irônico) que em 2025 eu possa estar repleta de esperança.