A letter from Nov 22, 2024

Oi, quase 2 horas da manhã e eu me acabando de chorar com vídeos tristes do tiktok. Ser uma mulher que sente muito é tão exaustivo, até me chamar de mulher é cansativo. Sou mulher mesmo? Estou uma noite de fazer 23 anos e me sinto tão pesada. Não quero comemorar meu aniversário, me sinto meio patética por ter tão poucas pessoas para comemorar comigo que nem faço questão de comemorar... talvez a imagem de festa pra mim nao seja tão acolhedora como para maioria das pessoas... é ridículo pensar nessas coisas com essa idade... mas penso tantas coisas ridículas... sou uma mulher ridícula. Sinto muito o tom depre da carta, quero enviar ela para daqui um ano certinho e pensar que você vai ler essa na véspera de aniversário me deixa meio culpada, estou te presenteando com o meu fardo de tristeza, espero que não pese em você ai. Espero que nada pese em você agora... e pensar em tudo que vai mudar antes de você finalmente ler essa carta, bizarro, vai ser algo nunca vivido antes. Não vou fazer planos ou criar fantasias do futuro, todos que fiz para esse ano falharam. As escolhas e caminhos que tomei esse ano foram tão controveras. Estou passando por situações que nunca imaginei passar, estou considerando escolhas que nunca considerei antes. Será que estou triste por diversas razões ou estou apenas seguindo padrões de aniversários passados? Gosto da ideia que minhas diversas versões ainda vivem em mim e pensar nelas vivendo comigo essa fossa me deixa acolhida. Eu estou acolhendo ou estou sendo acolhida? Queria muito poder dividir minha solidão com outra pessoa sólida, queria que ela estivesse aqui agora, me abraçando dizendo que tudo vai ficar bem, que ela está e sempre estará do meu lado. A ideia de ter um parceiro alicerce é cada vez mais desejada, nunca me imaginei pensando em casar e hoje em dia pesquiso vestidos de noiva no pinterest. Consegui ignorar esse sentimento de carência por vários dias durante esse ano, mas no fim ele ainda vive em mim, igual a adolescente triste pré aniversário. É engraçado quantas vezes pensei na lorde nessa semana, depois de anos sem escutar por pura escolha, me pego pensando nela várias vezes e com isso vem os sentimentos nostálgicos da época que ela fazia morada na minha rotina. Chorei lendo textos sobre irmãs, até mesmo sobre ex amigas. Nunca me imaginei sentindo falta de alguém que foi tão insensível comigo, mas hoje me imaginei abraçando uma ex amiga que foi tão presente no meu passado e hoje em dia não encontro nem por acaso, quantos desencontros já vivemos desde a última vez que conversamos? Eu quero muito escrever uma palavra, na verdade várias nesse texto mas não consigo lembrar quais existem que descrevem exatamente o que eu sinto, viro analfabeta nessas horas. Quase explodo por dentro. Quem sou eu se não consigo me expressar corretamente? Como algum dia alguém poderia conversar comigo de verdade com essa miséria de vocabulário? Como vou descrever quem sou sendo muda de palavras? Será que algum dia alguém vai conseguir me ler? Não vou precisar falar, muito menos escrever? Existe isso? Existem pessoas aptas para ler sentimentos embaralhados presos na garganta de pessoas mudas? Será que algum dia alguém vai fazer essas palavras presas pularem da minha garganta? Alguém vai me ensinar a lembrar elas? Espero que sim. Minha bateria esta acabando, feliz aniversário. Melancolia é uma das palavras, eu gosto de ser melancólica é um sentimento de voltar para casa. Me abraço e sinto dó por ser quem eu sou.