A letter from Nov 06, 2024

Oi, Emilly do futuro! Hj é dia 06 /11/24. Tenho 18 anos atualmente. Estou no último ano do Ensino Medio. Terminei o Inglês em Julho e tô fazendo Etec em Administração, tô no segundo módulo, termino em Julho do ano que vem. Fiz o Enem semana passada e o Provão Seriado. Domingo que vem tem Exatas... Não sei porquê estou escrevendo essa carta, mas tô com muita preguiça pra fazer outra coisa. Tô escutando No.1 Party Anthem do Artic Monkeys... Tô em casa. Não fui pra escola hoje, acordei tarde. Dormi chorando e extremamente mal. Tô o dia inteiro só vegetando. Não quero fazer nada. Tô desanimadíssima. Cansei da escola, apesar de saber que tá quase acabando e sei que vou sentir falta. Queria voltar a ser criança. Queria fazer tudo diferente. Mas sinto que nada mudaria. Que eu iria me sentir do mesmo jeito. Cansei de me sentir sozinha e incompreendida. Cansei de não saber o que eu sinto e constantemente me sentir irreal. As vezes tenho a sensação de que não existo e que posso, sei lá, mudar de realidade. É uma sensação horrível. Pesquisei ontem e já tinha pesquisado antes. É um tal de Despersonalização e Desrealização. Não gosto de me autodiagnosticar, mas é o mais próximo que descobri em anos sentindo isso. Sinto que não pertenço aqui. Amo minha casa, amo minha família e meus amigos. Por que não é o suficiente???? Odeio isso, odeio mesmo. Me impede de aproveitar o máximo. Sempre tem algo faltando. Não sei se é Deus. Mas estou tão cansada para procurar. E descobrir. Mas sei que se eu não fizer nada vou enlouquecer. Mas e se eu me esforçar o bastante e, na verdade, nada mudar? Nada mudou, querendo ou não. Me sinto assim há tanto tempo. As coisas mudaram tanto desde 2020. É como se eu não existisse. Como se, depois da pandemia, eu tivesse mudado COMPLETAMENTE. Me sinto tão diferente e tão INTRUSA. Não sei o que é isso. Queria fazer terapia e descobrir, mas tenho medo de não ser nada. De que tudo isso é só coisa da minha cabeça. É drama. Mas eu sinto de verdade. É a coisa mais real que eu sinto e que eu venho sentindo nos últimos quatro anos, quando tudo começou. Tô tão cansada disso. Não tenho motivos pra me sentir infeliz, tenho tudo o que eu preciso, mais do que a maioria. E agradeço a Deus por isso. Sei que tenho meus privilégios em comparação à outros. Então por que não consigo aceitar? Por que é tão difícil ser o suficiente pra mim? Por que me sinto tão quebrada e vulnerável? Eu me odeio tanto. E eu sinto pena de mim mesma por isso. A última vez que me senti realmente bem por um curto período de tempo foi em agosto do ano passado (2023). Eu tava assistindo muitos vídeos de auto ajuda. A maioria para mulheres. Estava com uma boa relação com Deus. Estava motivada e tinha descoberto um pouco de como era se permitir ser feliz. Estava aproveitando tanto. Foi o melhor mês do ano, de longe. Mas durou poucos dias. Talvez até três semanas. Não consegui fazer a mesma coisa. E agora, 1 ano e 3 meses depois, me sinto frustrada e incapaz. Mas não quer dizer que não sinto felicidade e alegria. Sinto isso com meus amigos, com minha família. Mas como eu disse, sempre tem algo faltando... Não sei o que é. E temo que vou ter que conviver com isso pra sempre. Talvez seja só ansiedade. Sei lá. Vou deixar essa carta pra daqui um ano. Pra saber o que vai acontecer. Espero que esteja tudo bem. Sei que não vou me curar tão rápido e que preciso de ajuda. Mas acredito que as coisas vão ter mudado muito. Outra rotina. Já terminei a escola provavelmente, terminei a Etec também. Será que arrumei um emprego? Parando pra pensar assim, me dá até uma ansiedade (boa). Saber que daqui um ano tudo pode ser diferente... É excitante. Quero amar você futuramente. Quero me amar no presente. E esperar que as coisas melhorem de vez. Se não, que eu saiba lidar com o pouco que eu tenho.