A letter from Aug 11, 2024

Time Travelled — 12 months

Peaceful right?

querida futura eu, porra, vamos ter 30 anos, tô ficando velha kkkkkk. ei, senta aí8 que lá vem história, tu sabe que a gente escreve pra caralho. pra te falar a verdade, escrever isso tá sendo algo mais pra mim do que pra você rs. eu acho (e espero) que estejamos melhor, então talvez ler isso seja só, sei lá, meio triste? porque cê sabe, não andamos bem. esse período de transição da adolescência pra vida adulta não deve ser exatamente fácil pra ninguém, mas tá sendo especialmente fudidamente triste pra nós. acho que nunca vou me esquecer de tudo que senti e sofri nesse período, e espero que eu consiga usar tudo isso de motivação pra melhorar e superar todos os obstáculos que eu sei que ainda estão por vir; e pela primeira vez não tô falando da parte do back-end do projeto que eu comecei kkkkkk, na real, essa é a parte mais fácil da vida no momento. acho que inesperadamente me encontro preferindo lidar com a porra do asp.net e os zilhões de erros de compilação do que com os meus sentimentos. tá tudo uma confusão tão fudida aqui dentro. eu adoro, amo, o if, foi um divisor de águas pra mim, conheci muitas pessoas incríveis que vão pra sempre estar no meu coração e nas minhas melhores memórias; foi um lugar que definitivamente moldou minha personalidade em diversos bons aspectos, mas que também me fez odiá-la e inferiolizá-la em diversos outros. ter me deparado com várias pessoas que eram melhores que eu em tantas coisas meio que me colapsou e mesmo que eu esteja conformada a esta altura do campeonato, não estou de modo algum acostumada. sinto que perdi minha identidade, ou que nunca tive uma; me sinto desinteressante, burra, incompetente e incapaz. isso me destrói aos poucos, porque sinto cada vez menos vontade de fazer as coisas. eu me sinto privilegiada de tido contato tão cedo com a espiritualidade e de saber de tantas coisas reconfortantes e que a maioria não sabe e/ou não acredita, mas sabe aquele ditado de que a ignorância é uma bênção? às vezes sinto que isso se aplica a mim. porque sei que, mesmo que eu goste, fumar e consumar maconha não é o melhor pra mim. porque sei que todos os sentimentos negativos que sinto e alimento só abaixam minha vibração e tornam as coisas ainda mais dificeis de se lidar. amo e adoro a minha família, mais que tudo, mas às vezes me sinto indesejada ou menos valorosa até pra eles. me sinto um fracasso, um gasto de recursos; um parasita. gosto do meu namorado, mas ao mesmo tempo sinto que ele merecia coisa melhor e que na verdade não combinamos e eu continuo ignorando isso. é de verdade uma incógnita pra mim se estaremos juntos aí no seu presente, por isso não me sinto totalmente confortável de expressar como me sinto verdadeiramente sobre isso. na real, foda-se, se ainda estivermos juntos não mostre pra ele. você sabe como você se sentia, e eu não aguento mais continuar segurando isso só pra mim. eu às vezes me pergunto se gosto de fato de mulheres ou se só é uma fantasia romantizada minha, algo que eu projeto que parece que eu me identificaria mais, mas que não tenho certeza se é algo que projeto porque casais lésbicos me parecem mais felizes e ideais que heterossexuais. gosto dos meus amigos, mas às vezes sinto que sou só eu por eu mesma, e na real, você quem vai comprovar se esse sentimento era infundado ou não; porque ainda que pessoas das quais eu nutria um profundo afeto já tenham me decepcionado no meu presente, ainda tenho esperança com os que restaram. acho que o que me deixa tão negativa e afetada nesse âmbito é a saída de felipe e de iara da minha vida. eu acho que poderia me aprofundar bem mais em cada uma dessas questões e outras adicionais que tenho receio de mencionar mas talvez isso não seja muito interessante de ser lido dez anos de agora. talvez cê já tenha superado tudo isso. acho que o melhor paralelo que fode meu psicológico no momento é ser feliz e infeliz com a minha vida, ambos ao mesmo tempo. quando comparo minhas condições com pessoas que têm menos, me sinto extremamente grata e privilegiada, mas me revolta que a desigualdade social seja tão impiedosa não comigo, mas com várias pessoas e meio que comigo também ao mesmo tempo. todo mundo se fode e eu nem mesmo posso olhar só pelo lado ruim e invejar aqueles que têm mais do que eu porque sempre vão existir os que têm menos que eu e que estariam satisfeitos com o que eu tenho, e daí me sinto uma puta mimada. adoro maconha, às vezes, nem que por um segundo, me esqueço de que sou triste, mas também me sinto uma pessoa horrível por usar, e quando estou sóbria parece que a tristeza que evacuou na brisa vem como uma tijolada. sinto saudades de freya. sinto saudades de quando eu era feliz. sinto muito fazer você ler coisas tão depressivas, não sei nem se ainda quero enviar, tô considerando seriamente só deletar isso, não sei se vai fazer bem pra gente, não sei se estou sendo adequada. mas, faz tanto tempo que sinto vontade de fazer isso e não consigo... sinto que estou finalmente sendo sincera comigo mesma. acho que talvez enviar pra cândida de 30 anos não seja a melhor ideia, pois a de 21 pode precisar mais ler isso. acho que quero me lembrar a cada ano de que somos fortes, de que conseguimos superar isso, de que se não somos valorosas pra algumas pessoas, seremos uma pela outra.se lembre que mesmo que eu ainda não te ame, eu quero resistir e quero que resista, quero que a gente aprenda isso dessa vida, mesmo que haja mais a se aprender, mesmo que nossa missão seja outra, porque precisamos continuar sobrevivendo pra continuar evoluindo. pra lembrar que ainda não te amo, mas que quero tanto mas tanto, e vou tentar a cada ano mais forte. espero que você me ame ano que vem, mas se não, talvez ainda tenhamos essa vida toda pra tentar.

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