A letter from Nov 21, 2022

Querida Jéssica de 2025, Vou me referir a você na terceira pessoa, porque de fato, você será outra em 2025, pois como dizia Heráclito, “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou…” Daqui três anos você provavelmente estará terminando a faculdade, se não tivermos desistido no meio do caminho. Intimamente, sei que não desistiremos, porque nunca tive tanta convicção e paixão por algo que não seja alguém. Como somos muito organizadas, o TCC já deve ter sido entregue e estaremos felizes e exaustas, com a "cabeça gorda" e cheias de planos. Já estamos trabalhando na área? Já somos ex-maquiadoras? Ainda moramos no litoral ou voltamos pra capital? A curiosidade me impede de não questionar o futuro, mas confio em você e sei que tomará as melhores decisões. Mas quero parar de falar no futuro, sabemos que é um gasto de energia improdutivo, quero falar do que estou sentindo hoje, pra você recordar. Não sou capaz de calcular como estará sua cabecinha hoje, mas quero que lembre que hoje, dia 21/11/2022, você está em paz e feliz com suas decisões, sua ansiedade (patologicamente falando) ainda faz parte da sua vida, e talvez em 2025 ainda faça, mas já criamos mecanismos para lidar com ela. O sentimento de culpa é presente, principalmente por aquilo que deixamos de fazer, ainda pensamos na mamãe e no papai todos os dias e dói não ter eles por perto para compartilhar as conquistas da vida, provavelmente isso não mudou, mas estamos aprendendo a amar o suficiente pra sentir apenas saudade e não culpa depois da partida. Se puder te dar um conselho para hoje, e você não achar isso aqui uma baita baboseira, ame mais, ame muito. Não se afaste das pessoas, ainda lutamos muito contra a vontade de isolamento, compartilhe a vida, ninguém é uma ilha. Continue essa jornada que é única e preciosa.