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Olá, eu do futuro.
Eu sinceramente não sei como começar essa carta, quais palavras usar e nem mesmo como me descrever em 2020, mas posso dizer que fizemos 18 anos. Sabe, as coisas não tem sido fáceis desde que somos pequenas, por todas as vezes com dificuldade e desafios os quais sempre me deixam desgastada e sem rumo.
Lidar com a vida nunca fora uma coisa a qual dominei com facilidade, a existência é difícil, cheia de acontecimentos e empecilhos que, por vezes, te pegam de maneira a não sobrar um único pedaço inteiro.
Nessa carta eu gostaria de poder citar momentos bons e relembrar de acontecimentos marcantes, de forma positiva. No entanto, apesar de querer, esse não é um ano bom; não me sinto ser boa o suficiente para lembrar de coisas assim, tudo pelo fato de 2020 ser um dos anos em que não tenho forças para nada e, também, por ser o ano em que estamos vivendo uma pandemia e não há muito para se fazer.
Quero ser sincera desde já. Faz alguns dias que avisei para a Daniela e Maycon que irei me matar, sem rodeios e nem pressa em minhas palavras. Eles não reagiram bem, como esperado... no entanto, não é exatamente como se fosse me impedir de cumprir com minhas palavras.
A vida sempre me pareceu cansativa e distante de momentos bons e total felicidade, e, ok, sei que não podemos ser felizes todo o tempo, o ponto realmente não é esse. Eu simplesmente sempre vivo a mercê de momento falsos que logo vão embora e só resta a tristeza. Não nego que estar viva e ver as cores do mundo é belo, mas não desejo para ninguém o fato de estar vivo e não sentir graça e emoção nos diversos tons que o mundo possa oferecer.
Chegou um ponto que eu simplesmente não consigo mais lidar com todos os meus monstros, sem conseguir me olhar no espelho por medo do que possa estar me esperando. Eu nunca me fui suficiente, assim como nunca fui o meu lar, e isso cansa; de forma que não me sinto mais feliz em circunstâncias alguma.
Apesar de tudo, sobre não aguentar mais estar viva, tenho muito medo de morrer, sentir a dor da partida e dar adeus ao mundo. Realmente temo por isso de forma que minhas pernas tremem e, por isso, vivo o dilema e viver sem felicidade alguma ou apenas ir embora com a dor de deixar o mundo.
Estou escrevendo essa carta sem ter a certeza de que estarei aqui daqui cinco anos — ou talvez eu coloque a data para quando o BTS for abrir a cápsula do tempo, em 2039 —, mas deixarei aqui para caso eu não esteja mais aqui e para que alguém possa encontrar e se lembrar de min, ter ciência de que eu não aguentava mais. E, para caso eu esteja, que eu possa apenas dar risada sobre essas palavras e sentir o coração apertar por lembrar que em 2020 o mundo estava se fechando e que a vida vacilava entre meus dedos.
De toda forma, espero ser forte o suficiente para lidar com todos os desafios, até que tudo chege ao fim.
Espero que fique bem, Anna Louyse.
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