A letter from July 28th, 2020

Dear FutureMe, eu não sei como você tá. ou se você tá. eu, pelo menos, to num ponto de virada, em que todas as minhas incertezas e inseguranças e aflições parecem se justificar nesse cenário de pandemia. pelo menos foi o que a luciana disse, quando tanto me queixei das minhas questões. -isso parece ridículo daqui- você ainda tem uma péssima memória ? tenho um medo imensurável de te escrever. acho que aprendi a amar. sabe que às vezes me acho entendida de mim de um jeito que me deixa sem saída. porque eu sinto e me analiso e não sei se tem o que fazer a partir daí. tá tocando a música de meia noite em paris agora. sinto que agora é a época mais difícil e ingrata (?) de te escrever. muitas incertezas. se eu já tiver morrido, você que tá lendo pode continuar. não me importo. mas me assusta se essa mensagem só se perder no não-espaço cibernético virtual. faz parte da noia dos lixos eletrônicos e das informações da nuvem. também tenho tido mais medo de morrer. o medo do lado físico mesmo. se você estiver viva: como está ? bem ? melhor ? a constante agora subiu ? hoje quando te escrevo to empolgada com o instagram de desenhos, pensando em como pode se expandir pra ganhar dinheiro rs. mandar pro itau "oi, posso fazer um gif de propaganda pro instagram :)" hahaa num sei. mas vejo hoje como a única saída. mesmo. eu tenho tanto medo de me arriscar, de me expor, mas espero que isso dê em algo. muitas tatuagens ? e dinheiro ? tem ? viajou ? desenhou ? tomou sol ? e a vivência externa ? o que rolou ? tenho expectativas e dúvidas. roma, paraguai. espero que tenha sido bom. sabe, eu não sei se você ainda cisma com essas coisas, se é de fato muito interno a nós, mas as saudades passam? carrego o peso da lua. as vezes pode ser bonito viver, busca isso que deve fazer bem. não sei porquê, mas vamos tentar! não imagino seu cabelo, sua casa ou seu quarto, a cidade em que está. se tá namorando ou não. quero muito que vc ainda esteja com a luisa. não se esquece de cultivar as amizades que é o que mantém.. eu ando numa desesperança mas a volta por cima tá ai. confia em você. eu to confiando em você porque aqui já não me vejo como você. nenhum cenário consegue formar a minha cabeça. que loucura. escrevendo isso penso em eu daqui pra frente e as perspectivas parecem mais concretas. aqui é 0:11 de uma segunda feira, a última antes dessas férias de quarentena. e ai ? tá tomando um vinho ? uma breja ? tá deitada ou sentada ? tá em pé na calçada ? esperando alguém ? quem ?????? que loucura. espero que você tenha lido tudo isso. espero que tenha viajado e ainda viaje um montão. dê bastante risada, conheça gente nova. ouve música, deita, grita. você é minha esperança. abraço forte daqueles que você sente no coração. as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão.