Apenas um emaranhado de pensamentos (Junho/2020)

Time Travelled — about 5 years

Peaceful right?

É uma tarde ensolarada de sábado, e acabei de assistir ao filme "Mãe só há uma", da diretora e roteirista Anna Muylaert. E eu adorei. O filme me trouxe várias reflexões enquanto assistia... Ele deixa algumas lacunas propositais que permitem uma dose maior de interpretação para o telespectador. Até mesmo o final não é definitivo. Isso me pegou de surpresa. Mas uma surpresa boa, sabe? Gostei. Mas quando terminei de ver, desci a tela até os comentários e me surpreendi mais uma vez, embora de forma negativa: boa parte das pessoas odiaram o filme. Vi gente chamando a diretora de "uma preguiçosa sem cérebro" e dizendo que "tinha potencial, mas desperdiçaram" e, até mesmo, um opinador de internet alegando o seguinte "os cinéfilos reclamam que o público do br prefere os filmes de fora, pelo menos os filmes gringos possuem um final". Sério, fiquei estarrecida quando li essas asneiras. Por um momento, me senti até indignada. Mas depois de alguns momentos, me toquei que mesmo uma obra que aos meus olhos pareceu incrível, na retina alheia poderia sequer fazer sentido. E tudo bem. As pessoas possuem histórias de vida diferentes, vivem contextos distintos e cada ser humano possui uma leitura de mundo singular. É exatamente isto o que faz da arte ser Arte, afinal. Confesso apenas minha falta de tato pelos julgamentos tão agressivos e baseados em mera falta de senso e respeito com o trabalho alheio. Fiquei chateada. A Anna mesmo, em um vídeo, disse que levou 7 anos para a produção do filme. Sete anos! Tudo isso para vir sicrano e chama-la de "preguiçosa"?! A questão que fica, para mim, é: até que ponto vai a liberdade de opinião pessoal? Mas queria falar um pouco mais sobre a minha interpretação da história. Durante o filme, pude perceber certas nuances da fotografia contando sobre os problemas dos personagens. Principalmente, dando a entender que algo estava "errado". Como quando no início, a moça bate a porta do armário mas ela não fecha, ficando entreaberta (isso ocorre algumas outras vezes também). Ou quando ela tenta pegar o leite na geladeira e ele não sai direito, precisa forçar um pouco para conseguir. Ou quando os personagens estão separados por uma barra na cena... Tudo já corrobora com a narrativa. E outro aspecto me chamou atenção: os olhares. Existem mais coisas sendo ditas pelos olhos do que pela boca. Apenas no mirar de visão em uma coisa, descer as pálpebras, piscar freneticamente ou trocar olhares rápidos com outro personagem... Só nisso nós já sacamos o que estão sentindo e é muito mais forte do que se fosse mostrado através de diálogos. Achei simplesmente incrível! Enfim, só queria relatar um pouco de como foi minha experiência com a obra, e também sobre minha felicidade em ver uma história sendo contada através da perspectiva feminina. Anna Muylaert é a primeira diretora brasileira que pude assistir, e me sinto igualmente grata e honrada por compartilhar da mesma linha temporal que ela. Querida Julia do futuro, muito obrigada por ler esses singelos parágrafos sem sentido e até um tanto clichês... ... Mas peço para você conhecer outras mulheres contadoras de histórias e, por favor, enriqueça cada vez mais seu repertório de interpretações! Não só no cinema, mas principalmente na vida <3

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