A letter from November 2nd, 2020

Dear FutureMe, Gostaria de ter as palavras para te escrever em inglês mas acho que o que aqui coloco precisa ser escrito na língua que te deu vida e forma, apesar de a expressão ter faltado. Sua intensidade de agora me assusta e receio ser a ti uma estranha quando ler isso, faço o meu melhor agora que faça o seu quando me ler! De uns anos pra cá sua vida tem sido complicada, não no real, na sua cabeça. Algumas coisas com as quais não sabe lidar te quebram como em um milhão de pequenos cacos de um espelho refletida - você vê clara e nítida - a sua imagem fragmentada, é incrível a fragilidade de seu ser de agora! A sua essência é volátil, instável, não se contenta com nada ou se contenta com tudo, tudo é entediante e tudo é desejado! Não sei se estou criando aqui uma personagem de você, talvez esteja criando uma ficção de mim mesma. Nem me dou conta às vezes de quem é a verdadeira "eu". E você, dará? Preciso ser específica? Será que algum dia a imagem da solidão que sentiu se apagará da sua memória, quão fraca pode ser essa faculdade da mente humana? Não sei se há aqui espaço, tempo ou paciência suficiente para te falar de tudo. Então peço que volte ao "Diário de leitura", se este ainda existir, e procure pelo que escreveu no dia 25/04/20. "E no seu silêncio meu peito se fez tempo." você gostou tanto dessa frase, sabe quem escreveu? Eu. De onde surgiu ou como tive o pensamento dela não sei, mas achei perfeita e creio que também vá gostar. Pequena digressão, acontece com mais frequência do que gostaria. Chegou a pensar que estava ficando louca um dia, sabia? Uma agonia que sentiu, uma dor imensa que só o surto pôde conter ou desviar. Agora está bem e pensa em ir no psicólogo, não por você, pelos outros por medo de machucá-los mais, mas nesse sentido você sempre foi egoísta e é tão desconfiada... só você poderá me dizer o resultado. Egoísta é uma coisa que nunca foi ou pensou ser assim. Ah sabe do que você tem medo? De perder esse seu jeitinho instável de ser, de se tornar sem graça ou entediante. Tem medo de não encontrar alguém porque todos perdem a graça rápido demais. Você tem esse seu arzinho superior, não que despreze os outros, mas se sente diferente como alguém que conhece algo que todos os outros nunca enxergaram. Talvez por esse seu jeito de "sentir demais" como diz sua mãe. Sobre o que você quer ser nem sei se compensa dizer algo, você muda de ideia como troca de roupa, o que é assustador pra mim já que com 22 anos agora e quase formando você ainda não deu rumo pra nossa vida. Tudo que te empolga no começo logo você abandona, é um dos motivos pelos quais você receia entrar num namoro. Só uma pessoa conseguiu depois da adolescência mexer de verdade com você, será que se lembrará? Será que em algum momento deixou de pensar nele? não direi o nome, você saberá. E os animes, nossa realmente me empolgam e até mangá eu tenho lido. Precisava relatar isso. Bom é isso, o final tá meio blé mas é que estou com sono. Vim dormir com a véia hoje, sei que vai sentir falta quando isso não for mais parte da sua rotina. Fico curiosa sobre você, sabe aquela sensação que mencionei acho que sinto também em relação a você, pelo menos senti agora, e isso é estranho. Não como se você não fosse eu mas eu sentir que sei de algo que você não sabe e nunca saberá é meio bizarro. Você me afirmaria ou contestaria nessa? Em qualquer um dos dois casos estaria me contrariando. Vai entender como me sinto nesse momento se procurar pelo Twice de Boku No Hero, pela história dele. Preciso parar por aqui ou tudo ficará estranho. Adeus, espero que até lá você já não seja como sou agora. Seja melhor.